Free Walking Tour Lisboa III: Belém e as expedições Marítimas

10/08/2018

Andar por Belém é conhecer um passado que não parece tão distante nos monumentos que se espalham pelas margens do rio Tejo.

Depois do Chiado e da Baixa Pombalina, vamos levar-te a uma era diferente, não só da história de Lisboa e do país, mas também do Brasil e de todas as terras que fizeram parte das expedições marítimas.

Nenhuma outra zona de Lisboa está tão associada aos Descobrimentos como Belém, não tivesse sido dali que partiram as naus em busca de novos mundos. No seu poema épico, "Os Lusíadas", Luís de Camões faz referência aos eventos ali passados durante as despedidas de Belém no final do Canto IV, até mesmo na criação da personagem do Velho do Restelo, que ainda hoje é uma expressão usada para retratar uma pessoa agarrada aos costumes do passado.

Assim nasceram as raízes de Belém. E de facto, os monumentos que recortam a paisagem fazem justiça a este mesmo estatuto, tornando Belém um mundo à parte do resto da cidade, que vive das memórias dos heróis do mar.

Como Chegar?

De eléctrico ou autocarro, uma vez que a zona de Belém não tem metro. No entanto, existem eléctricos como o 16E, que sai da Praça da Figueira, ou autocarros como o 704 ou o 728, a saír da Praça do Comércio ou Cais do Sodré.

Torre de Belém

torre

Ao chegares a Belém vais ter de atravessar a Avenida de Brasília pelo túnel que fica em frente ao jardim que está virado para o Mosteiro dos Jerónimos, e depois vais ter de andar sempre para a direita ao pé do rio. Este roteiro é feito ao contrário, mas no fim vai valer a pena!

Na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém, vais encontrar uma torre classificada como Património Mundial da UNESCO. Este monumento, com o nome alternativo de Torre de S. Vicente, é um dos melhores exemplos da arquitectura do reinado de Manuel I de Portugal, que terá também dado origem ao estilo Manuelino - uma arquitectura que mistura o gótico tardio com elementos naturalistas.

Inicialmente foi utilizada para dispor artilharia, mas ao longo do tempo foi perdendo a sua função de defesa, passando pela função de masmorras. Hoje em dia é possível visitá-la pelo valor de 4€ ou 12€, se o bilhete for partilhado com o Mosteiro dos Jerónimos. No entanto, aos domingos de manhã a visita ao monumento é gratuita até às 14h, por isso aconselhamos que vás cedo.

Como bónus, podes ficar a descansar um pouco ou a fazer um picnic nos Jardins da Torre de Belém, que estão logo à frente do monumento e já foram palco de diversos concertos, inlcuindo da famosa banda inglesa The xx.

Museu Nacional de Arte Popular

Escher

Depois de teres espreitado a Torre de Belém e de teres passado pela Doca do Bom Sucesso, vais deparar-te com um edifício mesmo em frente ao icónico Espelho d'Água, que terá sido construído durante o Estado Novo, ou mais especificamente, para a Exposição do Mundo Português em 1940. O Museu nasceu mais tarde, em 1948, da formulação de um dos seus pavilhões - a "Seção da Vida Popular".

Aqui podem ser encontradas diversas exposições, não sendo elas apenas sobre o tema do seu museu. Estas incluem exposições sobre tecnologia e jogos, ou a mais recente exposição acerca do trabalho do famoso artista holandês M. C. Escher, cujas ilusões geométricas estarão disponibilizadas pela primeira vez ao público português até ao dia 16 de setembro.

Padrão dos Descobrimentos

padrao

Mais à frente, seguindo agora pela margem do Tejo, e após o espelho de água, vais deparar-te com uma caravela de betão e lioz, concebida por Cottinelli Telmo, em homenagem ao Infante D. Henrique e às 33 figuras que contribuiram para as expedições marítimas - entre elas Dª Filipa de Lencastre, Fernão Mendes Pinto, Gil Eanes, D. Afonso V, e o escritor Luís de Camões.

Nenhum outro monumento está tão intrínsecamente associado ao Brasil e à sua descoberta como este. Originalmente projetado para um concurso de Sagres, só foi criado mais tarde para a Exposição do Mundo Português em 1940, usando materiais perecíveis. Foi tão icónico durante essa ocasião, que apesar de ter sido desmontado em 1958, foi econstruído mais tarde em materais mais duradouros por decisão de Salazar, de forma a comemorar o 500º aniversário da morte do Infante. O seu interior foi também remodelado em 1985, para dar espaço a um miradouro, auditório, e salas de exposições.

Do seu topo consegues ver Belém e a rosa dos ventos feita em mosaico de mármore, um presente da República da África do Sul para decoração do terreiro de acesso ao Padrão dos Descobrimentos, onde naus e caravelas marcam as principais rotas da expansão Portuguesa.


MAAT

Vais ver o MAAT à distância, se fores sempre à beira do rio e depois de passares a marina de Belém e a Central Tejo - também conhecida como Museu da Eletricidade - da qual este museu é uma extensão.
O seu moderno e imponente edifício foi projetado pelo atelier Amanda Levete Architects e terá sido inaugurado em 2016, com a Coleção de Arte da Fundação EDP. No seu interior vais encontrar exposições focadas nos temas da arte, arquitetura e tecnologia, cruzando-os para dar origem a um espaço de debate, descoberta, pensamento crítico e diálogo internacional.
Do topo do edifício consegues ter uma vista panorâmica até vários pontos da cidade e para aí a entrada é sempre gratuita, mas se quiseres ver as exposições o preço do bilhete é de 5€ só para o MAAT ou 9€ para o MAAT + a Central, sendo que no primeiro domingo de cada mês a entrada é gratuita.

ccb

Podes continuar em frente até às docas ou optar por voltar imediatamente para trás, atravessando o túnel anterior. Aí, do lado esquerdo, vais ver o CCB, um complexo que acolhe um centro de exposições temporárias, o Museu da coleção Berardo, vários auditórios, salas de concertos e um centro de reuniões.

Assim continua a nossa rota pelos museus de Belém, fazendo agora referência ao mais conhecido e cuja programação é mais regular e completa. O moderno edifício foi construído pelos arquitetos Vittorio Gregotti e Manuel Salgado, em betão, e terminado em 1992. Consiste em blocos estruturais, com pátios e praças que interligam as três principais estruturas que o constituem - o Centro de Conferências, o Centro de Artes Performativas e o Centro de Exposições.

Jardim da Praça do Império

Jardim Praça

Os Jardins de Belém têm início logo em frente ao CCB, com os Jardins da Praça do Império, e estendem-se até ao Museu Nacional dos Coches.

Este primeiro faz parte da Praça do Império, a maior praça da Peninsula Ibérica e uma das maiores da Europa, que foi terá sido também construída em 1940, para a Exposição do Mundo Português, um evento que comemorou os 800 anos da Independência de Portugal e 300 da Restauração da Independência.

O jardim é de inspiração francesa e composto por mosaicos em calçada portuguesa, com 32 brasões, cujos desenhos de arbustos e flores representam as antigas províncias do império e quatro lagos periféricos com dois grupos de esculturas. No centro encontra-se uma fonte que à noite aparece iluminada.

Mosteiro dos Jerónimos

mosteiro

Seguindo em frente pelo Jardim da Praça do Império, vais ver um lindíssmo edifício em calcário de lioz, que caracteriza o auge da arquitetura de estilo manuelino. O Mosteiro, também conhecido por Mosteiro de Santa Maria de Belém, é um dos elementos mais icónicos e foi construído no século XVI, por iniciativa de D. Manuel I.

Depois de diversas remodelações ao longo dos séculos, o edifício inclui hoje a Igreja de Santa Maria de Belém, a capela, o claustro, e a Sala do Capítulo, tendo-lhe sido anexados o Museu da Marinha e o Planetário Calouste Gulbenkian. Nos anos 80 foi classificado como Património Mundial pela UNESCO e está estreitamente associado à Casa Real Portuguesa e à epopeia dos Descobrimentos.

O Mosteiro pode ser visitado sozinho por 10€, ou em conjunto com o Museu Nacional de Arqueologia, que é acolhido pelo edifício, por 12€.

Jardim de Belém

jardins belém

Depois de tudo o que andaste tens a oportunidade de descansar um pouco no amplo espaço ocupado pelo Jardim de Belém, onde podes deitar-te na relva, comer uns pastéis de Belém e ouvir os pássaros ou ler um livro.

Este jardim acolhe também um pavilhão tailandês, o qual foi oferecido e inaugurado pela princesa do país de forma a celebrar cinco séculos de relações diplomáticas entre o antigo reino do Sião e Portugal. Construído em madeira de teca revestida a folha de ouro e vitrais brilhantes, a estrutura não um único parafuso.

Praça Afonso de Albuquerque

Jardim Afonso

Se continuares a andar até ao fim do Jardim de Belém, vais ver um mais pequeno em frente ao Palácio de Belém. A praça deve o seu nome a Afonso de Albuquerque, o 2º Vice-Rei e Governador da Índia Portuguesa, cujas ações militares, religiosas e políticas foram determinantes para o estabelecimento do Império Português no oceano Indíco.
A praça oferece uma vista bastante bonita para o Palácio de Belém e o monumento do Governador, que fica no centro, foi erguido em estilo neo-manuelino. Antes de ser uma praça, no entanto, o local já foi um porto construído em 1753, do qual a Rainha D. Maria I, o Príncipe João VI e a família real escaparam às invasões napoleónicas até ao Rio de Janeiro, no Brasil.
palácio belém

Seguindo em frente na Praça Afonso de Albuquerque, vais ver este edifício de fachada cor-de-rosa que não é, nada mais, nada menos que a sede da Presidência da República Portuguesa, ou Palácio de Belém, como é também conhecido.

Tendo pertencido anteriormente a reis, os cinco edifícios que fazem parte da entrada principal virada para o Tejo estão datados da segunda metade do século XVII, numa altura em que a monarquia e a nobreza procuravam algum sossego da crescente massa urbana de Lisboa. Teve diversas remodelações, uma delas após o Terramoto 1755 e já acolheu o antigo Museu dos Coches, antes deste se ter mudado para um edifício moderno na mesma rua.

As suas divisões são constituídas por divisões bastante conhecidas, como a sala das Bicas, um vestíbulo coberto em mármore que é frequentemente transmitido na televisão quando o Presidente da República presta declarações. É possível visitar o Palácio ao sábado por 5€, valor que inclui a entrada no edifício anexo do Museu da Presidência da República - o custo individual deste é de 2,50€, mas é também gratuito ao domingo até às 13h -, que além de diversas exposições, contém informações dinâmicas acerca da história da República Portuguesa. É possível também assistir-se ao Render da Guarda no 3º domingo de cada mês, às 11 horas.

jardimtrop

Estes são alguns dos sítios essenciais e mais interessantes a ver em Belém, no entanto, se tiveres algum tempo livre e quiseres ver mais, recomendamos que faças uma visita ao Planetário Calouste Gulbenkian (5€), onde vais poder ver as estrelas, ao Museu da Marinha (6,50€), onde vais navegar pela história marítima do povo português, ao Jardim Botânico Tropical (2€), onde vais poder ver árvores centenárias e espécies lindíssimas, ou ao Museu dos Coches (8€), que te vai fazer sentir como um verdadeiro membro da realeza.

Onde Comer?

A barriga começa a fazer barulho e as esplanadas à beira rio são muitas, mas tem atenção que os preços aumentam pela vista priveligiada! Aqui ficam algumas dicas sobre o que comer em Belém a preços razoáveis, incluindo os míticos Pastéis de Belém, que não te vão encher de remorsos depois de tantas calorias perdidas a andar.

Pastéis de Belém

pasteis

Chegou a altura de seres recompensado pelo esforço e exercício que fizeste durante um dia inteiro. Relaxa, senta-te na sala interior coberta de azulejo português, ou então pede uma caixa para te deliciares enquanto observas as pessoas a passar no Jardim de Belém. Seja como for, vais querer comer um Pastel de Belém quentinho.

Esquece os pastéis de nata a 0,60€ nos cafés normais, esses são baratos e razoavelmente bons, mas não há nada como o original para dar água na boca. Já para não falar que a sua "receita secreta" veio diretamente dos conventos portugueses, onde se confecionavam todos os tipos de doçarias!

No início do século XIX estava ali situada uma fábrica de refinação de cana-de-açúcar. Após a revolução Liberal de 1820, foram encerrados todos os conventos de Portugal, expulsando o clero e trabalhadores. Como forma de sobrevivência, alguém do mosteiro - cujo nome se desconhece -, pôs à venda os famosos Pastéis em instalações anexas à fábrica de refinação. O resto é história, mas os Pastéis de Belém garantem que a receita se manteve igual até aos dias de hoje.

Santini

santini

Considerados por muitos os melhores gelados de Lisboa, a Santini foi aberta no final dos anos 40 pelo italiano Attilio Santini, na vila de Cascais. Demorou algum tempo até que a famosa gelataria se expandisse para outras zonas de Lisboa, mas valeu bem a pena a espera. Os sabores vão dos clássicos como a baunilha e o pistáchio aos mais arrojados como o açaí com banana, mas podemos garantir que são sempre deliciosos!

Honorato

honorato

Simples, delicioso, mas em conta. Estes hamburgueres artesanais têm tudo para todos os gostos, incluindo uma opção vegetariana e hamburgueres em bolo do caco. Se procuras uma alternativa um pouco mais saudável que o McDonald's, não vás mais longe!

E aqui ficam os nossos conselhos do essencial a ver em Belém. Depois deste dia cansativo a vontade é de cair na cama e dormir, por isso nunca é má ideia veres os hostels que temos para ti em Hostelsclub.com. Só tens de pôr as datas abaixo e nós procuramos por ti!

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