Histórias de terror: um roteiro por Portugal

Relatos de assombrações é o que não falta por esse Portugal fora e nós decidimos fazer uma compilação das mais famosas para os mais corajosos!

À semelhança do que acontece em muitas outras culturas do mundo, Portugal possui uma vasta herança cultural em que as lendas, mitos e histórias de assombrações são uma parte intregrante da cultura, que têm o papel de ajudar a explicar a nossa identidade. Quem nunca ouviu falar das lendas das moiras encantadas, ou na dama de branco que aparece numa curva famosa pelos acidentes mortais e que inspirou o sucesso de “A Curva”, na serra de Sintra?

Abaixo deixamos-te algumas das mais famosas histórias e lugares de arrepiar na cultura portuguesa:

1. Faculdade Belas Artes, Lisboa

Construída em 1217, a Faculdade de Belas Artes de Lisboa fica no Chiado e já foi anteriormente um convento que funcionou até 1834. Nas suas diversas remodelações consta que foram encontradas várias ossadas humanas e hoje em dia, tanto estudantes como docentes conhecem as histórias sobrenaturais sobre os avistamentos do (ou será dos?) fantasma que faz andar os elevadores durante a noite, fecha as portas, rabisca no chão e espalha penas por onde passa.

Num caso em particular, foi relatado que um vulto branco incandescente terá sido avistado de uma janela que dá para o pátio e que, ao ter subido até ao andar onde este foi visto, se verificou que não estava lá ninguém e só havia penas espalhadas e folhas brancas rasgadas. A mesma pessoa afirma ter visto um vulto a passar nas escadas enquanto falava com os amigos.

2. Sanatório Mont'Alto, Serra de Valongo

Hospitais e sanatórios sempre tiveram fama de estar assombrados, mas este é particularmente famoso por essa mesma razão. Ativo de 1958 a 1975, foi aberto para dar assistência aos tuberculosos, doença que na altura assolava o país. Apesar da sua lotação inicial ser de 50 camas, chegaram a estar lá internadas 350 pessoas em simultâneo, havendo rumores de maus tratos e de pacientes que morreram de forma macabra.

Dizem que passaram por ali fantasmas atormentados dos antigos pacientes e que foram também praticados rituais satânicos. Vultos, portas a ranger, calafrios (mesmo no verão), um ambiente pesado e barulhos inexplicáveis são apenas alguns dos relatos. Apesar de tudo, é um sítio popular para amantes da prática de paintball.

3. Palacete Marques Gomes, Vila Nova de Gaia

Perto da margem do Douro, em Vila Nova de Gaia, existe um palacete abandonado que foi construído pelo empresário Manuel Marques Gomes, um português que fez fortuna no Brasil no inicio do século XX. Conta-se que os 13 filhos não se conseguiram entender durante o processo de partilhas da herança e o bonito edifício ficou em ruínas, tendo já sido pilhado e incendiado.

Mas além das desavenças familiares, existem alguns segredos escondidos que já assustaram os mais corajosos. Entre eles, encontra-se uma gravação feita por uma equipa de investigadores paranormais, na qual se pode ver um vulto e um EVP onde uma voz brusca diz: "Saiam daqui! Vão-se embora!".

4. Palácio Beau Séjour, Lisboa

Em 1849 a futura Viscondessa da Regaleira adquiriu a quinta das Loureiras para constuir uma casa segundo os modelos românticos ingleses, completa com um exótico jardim romântico. Dez anos mais tarde, a sua sobrinha herdeira vendeu a quinta o seu amigo Barão da Glória, que terá feito fortuna no Brasil e regressado a Portugal. Este fez obras para melhorar o terreno, especialmente no que toca aos jardins. O Barão faleceu em 1876 e deixou a quinta aos sobrinhos, que redecoraram a quinta com a ajuda de alguns artistas, incluindo Bordalo Pinheiro, e formaram uma coleção de pintura naturalista no interior.

Hoje em dia a quinta pertence à Câmara Municipal de Lisboa e acolhe o Gabinete de Estudos Olisiponenses. Entre os funcionários correm relatos de todo o tipo de acontecimentos estranhos, inlcuindo sinos inexistentes a tocar, janelas a abrir e a fechar sozinhas e objetos a desaparecer e a aparecer em sítios onde ninguém os colocou.

5. Pousada da Serra da Estrela, Covilhã

Anteriormente o Sanatório das Penhas da Saúde, este acolheu ferroviários com tuberculose, a Pousada da Serra da Estrela nasceu recentemente no seu lugar para dar aos hóspedes o conforto de um hotel de 5 estrelas. Inaugurado em 1944, o ar puro foi a razão da abertura deste sanatório, tendo morrido ali centenas de pacientes até ao seu encerramento, que o terá deixado em ruínas.

Mas a moderna Pousada não conseguiu escapar ao seu passado, e após ter visto tantas vidas ceifadas, há relatos de que alguns não chegaram a sair, deambulando os corredores do edifício durante a noite. Sentimentos snistros, quedas repentinas de temperatura, passos no andar superior, barulhos agudos, vultos e um sentimento de angústia em certas áreas do seu interior são apenas alguns dos relatos que nos chegam nos dias de hoje.

6. Teatro Lethes, Faro

Este teatro da cidade de Faro teve o seu início como um Colégio Jesuíta (Colégio de Santiago Maior), fundado pelo Bispo do Algarve, Fernando Martins Mascarenhas, e encerrado em 1759. Mais tarde, Lázaro Doglioni teve a intenção de criar um teatro como o de São Carlos, em Lisboa, e remodelou o antigo Colégio. O nome Lethes vem do mítico rio cujas águas tinham a propriedade de apagar da lembrança das almas as amarguras da vida. Mas parece que nem todas as almas tiveram descanso...

Quando a noite cai no Teatro Lethes e tudo fica em silêncio, dizem que é possível ouvir-se passos e a madeira do palco principal a ranger, alguns tendo visto mesmo uma assombração. Tudo porque, alegadamente, uma bailarina se suicidou ali, enforcando-se no centro do palco devido ao cansaço causado pelas exigências da sua carreira. E pelos vistos ainda anda (ou dança) no mesmo palco.

7. Castelinho de S. João Estoril

Uma das mais famosas assombrações da região de Lisboa, esta casa situada na Marginal que liga Cascais a Lisboa já despertou o interesse de diversas celebridades em Portugal, as quais foram afastadas devio às descrições arrepiantes de uma menina a passear pelos muros da propriedade com uma boneca na mão. Conta-se que a filha dos primeiros proprietários, uma menina cega, caiu ao mar por acidente e a casa nunca mais foi mantida nas mãos dos mesmos proprietários durante muito tempo. Antigos proprietários abandonam a casa por medo do que se passa lá e por todas as desgraças de que sofrem assim que a ocupam. Quem já viu a casa diz mesmo que lá dentro as ondas do mar fazem um barulho assustador!

Mas o que não faltam são relatos bem conhecidos destas aparições. O marchant José Castelo Branco, que disse já ter estado interessado no Castelinho em 1983, jura a pés juntos que quando foi ver a propriedade viu a menina na falésia e que um impulso quase o fez atirar-se ao mar. Também a mãe da famosa Lili Caneças esteve perto de ficar com a casa mas mudou de ideias após ter ouvido os rumores das histórias arrepiantes. Assombrada ou não, a verdade é que a casa agora pertence ao Dr. Cebola e ainda não existiram relatos de infortúnios ou aparições.

8. Casa na Rua Barata Salgueiro, Lisboa

Há quem jure a pés juntos que o nº 21 da Rua Barata Salgueiro, em Lisboa, está assombrado. A casa fica mesmo ali no centro da cidade, ao lado da Cinemateca e do Hotel Tivoli Avenida da Liberdade. São avistados vultos, sentidas drásticas diferenças de temperatura nos seus corredores e os ruídos que se ouvem por lá são alguns dos destaques nesta casa de arrepiar. Nada se sabe sobre a história da casa, mas encontra-se abandonada há bastante tempo e existem planos de recuperação.

9. Casa Amarela, Ovar

Nesta casa conta-se que lá vivia um pai com a sua jovem filha que começou a namorar às escondidas, sabendo que ele não iria aprovar a relação pois o rapaz era pobre. No entanto, o pai encontrou os namorados inesperadamente e, consumido pela raiva, atirou-os ao poço e mais tarde ter-se-á enforcado no mesmo sítio. Diz-se que as almas dos namorados nunca abandonaram a casa e esta já foi alvo de inúmeras investigações por equipas paranormais.

Quem comprou esta casa saiu de lá rapidamente assustado com os fenómenos paranormais que lá encontraram, e os trabalhos de demolição que se tentaram fazer não foram levados a cabo pois as máquinas desligavam-se sem qualquer explicação. Entre outros relatos mais arrepiantes estão o de uma pessoa que levou uma estalada a meio da noite quando tentou lá pernoitar, pessoas que abandoram os seus pertences na pressa de ir embora, gritos, e até histórias contadas por membros da GNR que foram chamados para uma ocorrência.

10. Casa do Diabo, Felgueiras

Na Lixa existe uma casa em ruínas que, reza a lenda, está assombrada e que um casal de agricultores que lá viveu teve experiências inexplicáveis. O casal não tinha filhos e trabalhava na terra e a mulher fazia alguns bordados, tendo um dia acabado uma encomenda, deixando-os de parte. No dia seguinte, quando se preparava para os entregar, viu que os bordados estavam remexidos e cobertos de urina, só estando ela e o marido em casa naquele dia.

De facto, é dito que nessa divisão onde foram deixados os bordados se passavam todo o tipo de fenómenos sobrenaturais, incluindo objetos que voavam e móveis que arrastavam sozinhos. Há quem diga também que se passou lá um suicídio, três incêndios e vários acidentes rodoviários. Hoje em dia quem a visita diz que se sente observado e que a casa tem um ambiente estranho, além de existirem relatos da GNR de ruídos e a figura de um homem na varanda.

11. Hotel da Bela Vista, Praia da Rocha (Portimão)

Não faltam por aí histórias sobre antigos proprietários que assombram os sítios onde investiram o seu dinheiro e trabalho árduo. E o Hotel da Bela Vista, em Portimão, parece estar nessa lista arrepiante, pois a proprietária do hotel faleceu no quarto 108, mas parece nunca ter abandonado a propriedade. A isso juntam-se uma série de antigos fugitivos da II Guerra Mundial que ali se tinham abrigado e cuja correspondência terá sido guardada por um dos funcionários do hotel, sem nunca ter sido enviada aos destinatários.

As histórias do hotel não são poucas e são corroboradas por várias gerações de fucionários que por lá passaram! Neste edifício vitoriano convertido num hotel nos anos '30 ouvem-se gemidos, lamúrias inexplicáveis e pancadas, especialmente no quarto onde a dona do hotel morreu, onde a atividade se diz ser bastante instensa.

12. Quinta das Conchas e dos Lilases, Lumiar

De 1897 a 1927 viveu nsta quinta Francisco Mantero Belard. O edifício é uma casa senhorial com três pisos e uma torre que faz lembrar as velhas mansões senhoriais e cujo interior tinha longas galerias, salas com inúmeros frescos e móveis de muito valor. Lá dentro viva a mulher de Francisco, uma nativa que conheceu em S. Tomé e Príncipe e com quem teve uma filha, a qual acabou por colocar dentro de uma jaula. Após anos em cativeiro, diz-se que a jovem enlouqueceu e que o fantasma ainda vagueia pela casa.

Hoje os relatos são resumidos a choros e lamentos suaves que depois se transformam em gritos de desespero, e ainda é vivo o rumor de que lá dentro existe um tesouro cheio de relíquias trazidas de África. O espaço que envolve a casa foi transformado num jardim público, no entanto entanto todos se mantêm longe da casa devido a um aviso de perigo de derrocada colocado pela Câmara Municipal de Lisboa.

13. Chalet de Dr. João Lúcio, Olhão

Uma das casas mais famosas em Olhão pela tragédia que a assolou, este chalet foi construído no início do século XX pelo poeta, naturalista e romântico João Lúcio. No entanto, pouco tempo depois da família ter ocupado a casa, a sua mãe idosa que sofria de senilidade deixou cair o filho do poeta pela janela e este morreu. Não conseguindo manter-se ali devido a esta perda e procurando um maior isolamento espiritual, o poeta decidiu então construir o Chalet de Marim.

Conta-se que muitas pessoas já tentaram viver ali, mas os relatos de assombração, tais como o choro de um bebé e sons de objetos a serem arrastardos pelo chão fazem dos habitantes testemunhas do que ali se passou há um século atrás.

14. Termas de Água Radium, Guarda

Reza a lenda que esta lindíssima estrutura foi construída pelo espanhol Conde Don Rodrigo depois de ter aprendido que as águas tinham poderes curativos e poderiam curar a doença de pele da sua filha. Nos anos de 1920, o local tornou-se um spa conhecido como Hotel Serra da Pena, mas a verdade é que as águas eram radioactivas e vinham de uma mina de urânio ali perto. No entanto durante esses anos acreditava-se que radioactividade era benéfica e estava na moda, tendo sido vendidas garrafas de água do local denominadas como "Água de Radium". Depois de todas as investigações dos anos 40, foi provado que a radioactividade era bastante prejudicial e o hotel foi fechado nos anos 50 e abandonado desde então.

Conta-se que as almas das muitas pessoas que beberam da nascente radioactiva ainda vagueiam por ali há relatos de portas a bater, cães que lá entram e se recusam a ir a certos sítios do edifício e carros que deixam de funcionar sem qualauer explicação.

15. Quinta da Paulicea, Águeda

Perto do centro da cidade de Águeda encontra-se esta casa que fica num grande terreno ao abandono e que representa a imagem clássica das casas assombradas que vemos nos filmes. Foi habitada por uma família da região que se tinha mudado para o Brasil no final dos anos de 1800, mas regressou no início dos anos 1900, dando à propriedade um nome inspirado na cidade de São Paulo.

Grande parte da família sucumbiu a uma pandemia de influenza (mais conhecida como gripe) em 1918, com a excepção de um dos membros, Neca Carneiro, que morreu com 37 anos e sem filhos. Desde aí que a casa se manteve abandonada devido a problemas legais... mas estará mesmo desabitada? Um caseiro e inúmeras testemunhas afirmam que terão ouvido ruídos estranhos na casa, o relinchar de cavalos onde outrora estiveram os estábulos, já houve quem sentisse uma carícia no cabelo, sons de piano ou mesmo o som de uma arma de fogo a ser disparada. Um jardineiro diz que sentiu uma dor de cabeça tão forte que nunca mais regressou.

Curioso mas com medo de passar a noite num destes sítios assustadores? Podes sempre ficar num dos nossos hostels! E não tens de te preocupar, porque estes não estão assombrados... que nós saibamos.